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sábado, 5 de fevereiro de 2011

Fluorose Dentária


A partir do final do século XIX dentistas chamaram a atenção para populações restritas com manchamento dos dentes com coloração marrom. Descobriram que a causa deste defeito nos dentes estava associada a presença natural de flúor na água de abastecimento público e ao mesmo tempo que estas populações tinham um baixo índice de cáries. Desde então milhares de conferências e estudos científicos são desenvolvidos para entendermos os mecanismos de ação do flúor e seu efeito na prevenção de cárie, ação sistêmica e ação tópica de flúor, a distribuição do flúor no corpo humano, ingestão apropriada do flúor nos dias atuais e o seu risco de toxicidade.

E O QUE É FLUOROSE DENTAL?
A fluorose dental é um defeito estético no esmalte sob forma de estrias, pontos ou manchas na cor branco-opaco até amarelo ou marrom provocadas pelo excesso de flúor ingerido durante longos períodos (toxicidade crônica).



Ocorre durante a odontogênese ou processo de formação dos dentes. Este processo inicia a partir do 1º trimestre de gravidez, quando se inicia a mineralização dos incisivos decíduos, até aproximadamente os 8 anos de idade, quando se formam os segundos molares permanentes. Sua severidade e distribuição depende da concentração do flúor, durante quanto tempo foi ingerido, estágio de formação do esmalte e de variações individuais em relação à suscetibilidade. Porém outros fatores também importantes influenciam a severidade da fluorose como: estado nutricional, baixo peso corporal, períodos de crescimento e remodelamento ósseo, altitude e alteração da atividade renal.

COMO OCORRE A FLUOROSE, COMO O FLÚOR É ABSORVIDO PELO ORGANISMO?
 Quando uma solução fluoretada passa pela boca, uma parte interage com as estruturas dentais por contato e uma pequena parte é absorvida através da mucosa bucal. Da quantidade ingerida, no trato gastro-intestinal sua absorção ocorre principalmente no estômago. A quantidade e a composição dos alimentos no estômago no momento da ingestão do flúor determinarão a quantidade e o índice de absorção do flúor. Se o estômago estiver preenchido com alimentos parte do flúor será excretado nas fezes e não será absorvido. Mas se qualquer forma de flúor for ingerida com estômago vazio, geralmente haverá completa absorção. Outra porção do flúor cai na corrente sangüínea, deposita-se nos tecidos mineralizados do corpo principalmente nos ossos. Finalmente, o restante é excretado pela urina, fezes e suor e uma pequena quantidade retorna à cavidade bucal, através da saliva e fluido gengival.

No Brasil, uma grande parcela da população tem contato com o flúor através da forma sistêmica (fluoretação da água de abastecimento público, do leite, do sal, medicamentos com flúor, alimentos e bebidas com alto teor de flúor) e da forma tópica (cremes dentais, géis e fluoretos como soluções para bochechos). Com tantas fontes de flúor ao alcance da população se faz necessário um controle e monitoramento das empresas que fornecem e distribuem a água e através da vigilância sanitária critérios rígidos no controle dos alimentos e bebidas que contenham flúor.

A AÇÃO TÓXICA DO FLÚOR PODE SER DIVIDIDA EM DUAS SITUAÇÕES: AGUDA OU CRÔNICA
A toxicidade aguda ocorre quando uma grande quantidade de flúor é ingerida de uma só vez. Nos preocupamos portanto com os riscos que as crianças podem correr se alguns cuidados não são tomados. Então vejamos: para maior segurança foi sugerido dose de segurança, chamada de dose provavelmente tóxica. Esta dose estimada em 5,0mgF/K.

A toxicidade crônica acontece quando pequenas quantidades de flúor (dpt= 0,05 a 0,07 mgF/kg/dia) sistêmico ou tópico ocorrem durante longos períodos causando o manchamento do esmalte ou fluorose dental. O período de desenvolvimento em que os dentes estão mais sujeitos à fluorose parece ser entre 22 e 26 meses de idade perdurando o risco até 5,5 anos de idade. Nem todos os dentes são igualmente afetados pela fluorose dentária. Os dentes menos afetados são os incisivos e primeiros molares permanentes, ao passo que os pré-molares e outros molares permanentes são os mais gravemente afetados.  

CUIDADOS COM O USO DE FLUORETOS E CREMES DENTAIS
Crianças menores de 5 anos de idade ainda têm dificuldades em controlar a deglutição, logo também não sabem enxaguar, cuspir ou expectorar corretamente. Nessa faixa etária as crianças ingerem cerca de 30% da quantidade do creme dental usado. Se escovarmos de 2 a 3 vezes ao dia e a quantidade de creme dental for maior do que uma ervilha, esta quantidade é de risco considerável para fluorose. Não esquecendo que além do creme dental ingerido também temos o consumo da água fluoretada e outras fontes.

No Brasil todos os dentifrícios devem conter uma concentração mínima de 600 ppm de flúor pelo prazo de 1 ano, a partir da data de fabricação. A maioria dos cremes dentais contém entre 1000 e 1500 ppm de flúor e estão sob vigilância sanitária.

Segundo pesquisas o uso de dentifrícios fluoretados antes de dois anos de idade é responsável por 72% dos casos de fluorose. Por este motivo os pais devem supervisionar na escovação tanto a limpeza como a quantidade de creme dental utilizado.

Atualmente recomenda-se utilizar o creme dental com flúor uma vez ao dia na quantidade de um grão de arroz com a presença dos molares decíduos em boca, o que ocorre por volta dos 18-24 meses da criança. Mas estando a criança com uma alimentação equilibrada e assistida pelo dentista esta poderá utilizar o creme dental sem flúor até que o profissional indique o momento de trocar para o creme dental com flúor. Desta forma a criança correrá menor risco de fluorose.